O que é Síndrome de Burnout afinal e como tem
atacado os profissionais de educação?
Acho importante conhecermos um pouco mais sobre esse
assunto, tanto através de informações quanto de relatos de experiências (estes
relatos prefiro deixar para os comentários), já que se trata de algo cada vez
mais comum entre os profissionais de educação.
Passarei informações colhidas na internet aqui –
existem muitas outras -, tendo selecionado as que me pareceram mais realistas,
já que tive que lidar com esse problema durante anos, em mim mesma e em outros
colegas.
A Síndrome de Burnout é um termo psicológico que
descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse,
especialmente em relação ao trabalho. O termo “burnout” (do inglês “combustão
completa”) descreve principalmente a sensação de exaustão da pessoa acometida.
É um estado de esgotamento físico, emocional e cognitivo produzido pelo
envolvimento prolongado em situações geradoras de stress.
Costuma apresentar três fases sucessivas;
- Desequilíbrio caracterizado como estresse;
- Sintomatologia característica: ansiedade, tensão,
fadiga e esgotamento;
- Afrontamento defensivo: fase em que acontecem
mudanças nas atitudes e conduta do indivíduo com tendência a lidar com os
outros de maneira distante, rotineira, apática e mecânica.
Os profissionais mais atingidos são os que trabalham
mais diretamente com pessoas, tais como: médicos, enfermeiros, auxiliares de
enfermagem, professores, estudantes, psicólogos, assistentes sociais,
policiais, agentes penitenciários, bombeiros, etc., pois trabalham em contato
diário com pacientes, alunos, clientes, usuários, indigentes, presos,
criminosos, etc.
Burnout é quando o trabalho ameaça o bem estar do
trabalhador. É o esgotamento mental e físico intenso causado por pressões no
ambiente profissional.
Os fatores determinantes vêm de uma combinação de
variáveis físicas, psicológicas, sociais e organizacionais.
Fatores da síndrome de burnout, entre educadores,
segundo algumas pesquisas já feitas:
1) Exaustão emocional – em um primeiro momento
ligada, em geral, à insatisfação salarial e ao fator idade;
2) Diminuição de realização pessoal – insatisfação
geral com o crescimento e com o trabalho, falta de significado nas tarefas a
cumprir, poucas horas para pesquisa, necessidade de auto-realização,
frustrações, desilusões, distância entre a teoria aprendida e a prática
(realidade concreta) encontrada nas escolas, etc.;
3) Despersonalização – falta de conhecimento dos
resultados de horas de pesquisa, falta de sentido, perda do idealismo inicial,
etc.
O que mais dificulta o trabalho do educador,
especialmente o exercício profissional do professor, nas escolas públicas e
particulares, segundo variadas pesquisas, em ordem do maior para o menor dos
problemas encontrados:
- Salário
- Condições físicas
- Falta de material didático
- Falta de interesse dos alunos
- Barulho
Fatores de stress:
- Comportamentos inadequados e indisciplina dos
alunos
- Elevado número de alunos por classe/horário
- Execução de tarefas burocráticas e administrativas
- Pressões de tempo e excesso de trabalho
(sobrecarga de atividades)
- Expectativas familiares
- Falta de recursos materiais para o trabalho
- Diferentes capacidades e motivações dos alunos
- Carreira docente
- Multiplicidade de papéis a desempenhar
- Relacionamento pais/professores
- Políticas disciplinares inadequadas
- Pouca participação em decisões institucionais
- Falta de apoio da coordenação e colegas
- Necessidade de atualização profissional
- Elevado número de disciplinas/aula
Estratégias de enfrentamento em educadores,
especialmente professores de escolas públicas e privadas:
- Confronto
- Afastamento
- Autocontrole
- Suporte social
- Aceitação de responsabilidade
- Fuga e esquiva
- Resolução de problemas
- Reavaliação positiva
Pode se apresentar através das seguintes etapas:
- Ilusão pelo trabalho – choque entre o idealismo
inicial e a realidade prática, gerando frustrações, irritabilidade,
incredulidade, tendência a ironias, deboche, ceticismo, etc.
- Desgaste psíquico – exaustão, vontade de não
realizar mais nada, sensação de que qualquer coisa que faça não fará
significativamente diferença nenhuma, vontade de desistir, etc.
- Indolência – uma das formas defensivas de reagir
ao desgaste físico e emocional, por se sentir sem saída.
- Culpa – sensação de que não está conseguindo ser
um bom profissional, baixa da auto-estima e da autoconfiança, etc.
O esgotamento profissional do qual a síndrome de
burnout nos fala tende a aparecer mais nos primeiros anos de profissão, onde o
idealismo ainda é grande, e depois de muitos anos de trabalho na área, quando o
cansaço físico e emocional já é bastante intenso. No entanto, essa síndrome
pode aparecer em qualquer idade e tempo de trabalho, especialmente em pessoas
que tenham um tipo de personalidade:
- Empática
- Sensível
- Humana
- Idealista
- Altruísta
- Entusiasta
- Obsessiva
- Dedicada profissionalmente
A Síndrome de Burnout costuma aparecer acompanhada
de sintomas psicossomáticos, tais como:
- palpitações
- cefaléias freqüentes
- cansaço crônico
- crises de asma
- desordens gastrointestinais ou úlceras
- dores cervicais
- insônias
- hipertensão
- alergias
- diarréias
- alterações menstruais
Além das estratégias de enfrentamento já listadas
acima, alguns profissionais procuram lidar com os sintomas da burnout
investindo em atitudes que podem ser úteis e produtivas ou apenas defensivas,
dependendo do caso:
- planejamento
- supressão de atividades concomitantes (quando
possível)
- suporte instrumental
- suporte emocional
- reinterpretação positiva
- aceitação
- religiosidade
- foco na expressão das emoções
- humor
- uso de substâncias
-negação
- desligamento comportamental
- desligamento mental
Posso dizer que, na minha experiência, vi cada um
desses sintomas, atitudes, emoções, reações, enfim…
É tudo muito sofrido.
Passei por isso na pele.
E vocês, o que tem a contar sobre esse assunto?
Abraços,
Regina Milone
Pedagoga, Arteterapeuta e
Psicóloga
Rio, 30/10/2012 - http://www.diariodoprofessor.com/2012/10/30/3181/